A cesárea tem se tornado a via de parto preferencial para mulheres de todo o mundo, sendo que no Brasil já corresponde a cerca de 56% de todos os nascimentos. Porém, assim como qualquer procedimento cirúrgico, o parto cesáreo apresenta riscos de complicações a curto e longo prazo, tal como a Istmocele, que pode causar infertilidade secundária.
O que é Istmocele?
A Istmocele, também denominada nicho uterino ou divertículo uterino, pode ser explicada como uma falha de cicatrização no local da incisão da cesárea na camada muscular do útero: o miométrio. Essa falha causa uma lesão de descontinuidade, classificada conforme a profundidade de acometimento da parede uterina.
Como consequência dessa lesão, pode haver um acúmulo de sangue menstrual no útero, causando alterações do muco cervical, sangramento uterino anormal, dores pélvicas e dificuldades de implantação do embrião, levando assim à infertilidade.
Principais sintomas
Estima-se que os sintomas estejam ausentes em pelo menos 50% das mulheres com Istmocele, de tal forma que elas não sabem que têm a doença. Porém, quando presentes, os sintomas incluem sangramento uterino anormal, comumente acompanhado de dor crônica pélvica e dor durante relações sexuais.
O diagnóstico de Istmocele
Não há, até o momento, uma diretriz com critérios definidos para o diagnóstico da Istmocele, mas alguns exames de imagem podem ser utilizados para avaliar a integridade da parede uterina, buscando alterações cicatriciais e de descontinuidade.
Ultrassonografia
A ultrassonografia transvaginal é tida, atualmente, como o exame padrão-ouro para o diagnóstico de Istmocele, pois permite identificar, localizar e medir as cicatrizes na parede uterina. Para obter melhores resultados e aumentar a sensibilidade do exame, recomenda-se que seja realizado durante o episódio de sangramento.
O diagnóstico é estabelecido quando, além dos sinais e sintomas clássicos do quadro, o examinador identifica uma área hipoecóica na região da cicatriz cesariana ao nível miometrial. Dessa forma, a imagem indicará uma descontinuidade da camada muscular do útero, cuja profundidade ajuda a determinar a medida terapêutica.
Ressonância Magnética
A ressonância magnética é outra opção de exame de imagem para o diagnóstico do nicho uterino, sendo mais indicada quando se busca um melhor delineamento das alterações miometriais, pois permite visualizar a lesão em cortes longitudinais e sagitais. Além disso, a imagem obtida pela ressonância magnética ajuda a definir o plano de tratamento e a confirmar o diagnóstico mediante outras possíveis causas de sangramento uterino anormal.
Como tratar a Istmocele?
A abordagem terapêutica para a Istmocele ou nicho uterino deve ser definida pelo médico e a paciente, em conjunto, visando promover uma melhora nos sintomas e impedir a infertilidade. A escolha entre o método cirúrgico ou medicamentoso deve ser feita levando-se em consideração o tamanho da lesão e o desejo de novas gestações.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico para a Istmocele é a istmoplastia, um procedimento rápido, com alta taxa de sucesso e grandes probabilidades de novas gestações para a mulher. A abordagem pode ser por via laparoscopia ou histeroscopia, e o procedimento consiste em realizar uma excisão das bordas da lesão, buscando obter uma continuidade anatômica entre a parede do miométrio e a parede do canal cervical.
Tratamento medicamentoso
O tratamento medicamentoso para o nicho uterino baseia-se no uso de anticoncepcionais orais combinados de estrogênio e progesterona. Essa terapia hormonal impede o sangramento uterino, sendo uma opção para mulheres que não desejam engravidar e tenham preferência por um tratamento conservador.
Agende o seu exame! Cuide da sua saúde.
A Istmocele e a infertilidade secundária são possíveis complicações do parto cesáreo. Por isso, se você já passou por esse procedimento cirúrgico e tem episódios constantes de sangramento anormal e dores pélvicas, procure um ginecologista e agende seus exames com a Dra. Daniela Vaz Franco, radiologista especialista em saúde da mulher.
