O câncer de ovário é um medo constante para muitas mulheres. Por isso, quando se ouve falar em cistos ovarianos, muitas pacientes ficam receosas. A verdade é que existem vários tipos de cistos ovarianos e poucos deles oferecem risco para a paciente.
Ao longo da vida, é comum que as mulheres desenvolvam cistos e sequer têm conhecimento disso. Felizmente, a grande maioria dos cistos desaparecem naturalmente, sem precisar de nenhuma intervenção médica. Porém, dores e desconfortos podem ser sinais desse problema, e é necessário classificá-los ao buscar tratamento.
O que são cistos ovarianos?
Os cistos ovarianos são uma alteração ginecológica comum. Essas pequenas “bolinhas” podem ser compostas por sangue, líquido ou sólidos; e são consideradas normais ao longo do ciclo biológico feminino. Ainda, os cistos se classificam em dois tipos:
- Cistos funcionais;
- Cistos não funcionais.
Principais sintomas
Assim como em muitas doenças ginecológicas, os cistos tendem a ser assintomáticos no início. Assim, os sintomas aparecem conforme ele cresce, mas a paciente pode sentir desconfortos e dores, já que alguns tipos podem atingir até 20 cm. De forma geral, são sintomas de cistos ovarianos:
- Alterações urinárias e intestinais;
- Desconforto durante relações;
- Dor abdominal, vaginal, pélvica e lombar;
- Dores após exercícios físicos;
- Enjoo;
- Inchaço abdominal;
- Incontinência urinária;
- Náusea;
- Sensação de pressão ao urinar;
- Sangramento irregular.
Os cistos ovarianos podem ser perigosos?
Depende. Na grande maioria dos casos os cistos ovarianos são benignos e de fácil tratamento. Porém, raros quadros podem se transformar em câncer de ovário. Além disso, cistos não funcionais também podem se desenvolver, causando complicações e dores agudas.
Quais são os principais tipos de cistos ovarianos?
Como você leu acima, existem diversos tipos de cistos ovarianos, que são inicialmente classificados como funcionais e não funcionais. Essa última classificação pode ter relação com um tumor benigno, ou com outras doenças. Saiba diferenciar!
Cistos benignos ou funcionais
Essa categoria de cistos é a mais comum por ter ligação com o ciclo menstrual. Veja:
- Cistos foliculares: esse cisto é o mais comum e se forma quando o folículo não se rompe durante a ovulação. Repleto de líquido, varia entre 3 e 6 cm e desaparece naturalmente. Quando o cisto se rompe, pode haver dor abdominal.
- Cistos de corpo lúteo: o corpo lúteo é um tecido responsável pela produção de progesterona, que prepara o útero para a chegada do embrião. Ele aparece após a liberação do óvulo. Quando não ocorre gravidez, o corpo lúteo desaparece naturalmente. No entanto, ele pode ser preenchido de sangue ou líquido e continuar no ovário, dando origem ao cisto, que pode alcançar até 5 cm. Mas, normalmente, a regressão acontece espontaneamente dentro de 3 semanas. Dor embaixo do ventre é comum.
- Cistos hemorrágicos: quando o cisto de corpo lúteo sangra, ele é classificado como hemorrágico. Nesses casos, o cisto tende a crescer e se romper, gerando dor intensa. Desse tipo, 30% são diagnosticados em mulheres na pós menopausa.
Cistos não funcionais
Essa categoria de cistos não tem relação com o ciclo menstrual. A sua causa está em outros fatores que são mais complexos:
- Teratoma: tumor frequente em mulheres jovens. O cisto é composto por células de folhetos embrionários, podendo conter em seu interior diferentes matérias, como gordura, cabelo, osso, tecidos musculares e até mesmo dentes. Conforme cresce, causa dores abdominais, alterações urinárias e digestivas. A torção anexial pode acontecer em alguns casos.
- Adenoma: cisto benigno que pode alcançar grandes dimensões. Comum em mulheres com idade entre 20 e 50 anos. Esse tipo é caracterizado por possuir algumas divisões (septos) e projeções sólidas em seu interior. Quando alojado na cavidade abdominal pode facilitar o desenvolvimento de líquidos no abdômen, causando dor e volume na região. Além disso, alterações menstruais, urinárias e digestivas são comuns.
- Endometrioma: cisto desencadeado pela endometriose. Possui conteúdo espesso e hemorrágico e pode causar dor no baixo do ventre, irregularidades na menstruação e infertilidade. O cisto é apenas uma das manifestações da endometriose, patologia que afeta várias regiões femininas.
Possíveis complicações
Mesmo os cistos benignos geram transtornos. Os funcionais podem romper, causando dor súbita, ou causar a chamada torção anexial, obstruindo ovário e trompas. Essa torção ocorre quando o cisto dá uma volta em sua própria base, ocasionando muita dor.
Já os não funcionais, além da possibilidade de desenvolver câncer e dificultar a gravidez, podem crescer mais que se espera. Por isso, o acompanhamento médico é fundamental em todos os tipos de cistos ovarianos.
É possível engravidar com cistos no ovário?
Sim, é possível engravidar com cistos no ovário. No entanto, o cisto endometrioma oferece maior risco de infertilidade. A mulher ainda pode encontrar dificuldades quando o ciclo menstrual está irregular. De qualquer forma, o cisto ovariano é uma alteração de fácil tratamento.
Cisto no ovário pode virar câncer?
Essa é, compreensivelmente, a maior preocupação de qualquer mulher ao ler “cisto” em um laudo de ultrassom. A resposta direta para tranquilizá-la é: na grande maioria dos casos, não.
Estima-se que a maioria dos cistos ovarianos sejam benignos e não apresentem nenhuma relação com o câncer. Para entender o risco real, precisamos diferenciar dois cenários:
1. Os Cistos Simples (Funcionais)
A maioria dos cistos que aparecem em mulheres em idade fértil são os chamados “cistos funcionais” (como o folicular ou de corpo lúteo). Eles são formados basicamente por líquido, têm paredes finas e fazem parte do funcionamento normal do ovário.
Esses cistos têm risco de malignidade praticamente nulo, ou seja, eles não “viram” câncer. Geralmente, desaparecem sozinhos em alguns ciclos menstruais.
2. Os Cistos Complexos
Aqui a atenção deve ser em dobro. Afinal, cistos complexos são aqueles que, no ultrassom, não parecem ser apenas uma “bolinha de água”. Eles podem apresentar:
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Partes sólidas em seu interior;
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Divisões internas (septos espessos);
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Vascularização (fluxo de sangue detectado ao Doppler);
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Conteúdo espesso ou misto.
Embora muitos cistos complexos também sejam benignos (como os endometriomas e teratomas), o câncer de ovário costuma se manifestar com essas características. Portanto, um cisto complexo exige investigação aprofundada.
O Fator Menopausa
A idade da paciente é um divisor de águas na avaliação de risco.
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Na idade fértil: O aparecimento de cistos é extremamente comum e raramente preocupante.
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Na pós-menopausa: Como os ovários já não deveriam estar ovulando, o surgimento de qualquer cisto ou nódulo nessa fase acende um sinal de alerta. Embora nem todo cisto na menopausa seja câncer, a chance de malignidade é estatisticamente maior e a investigação deve ser imediata.
Resumindo: o cisto simples não costuma “virar” câncer. O que acontece é que o câncer de ovário pode, em seus estágios iniciais, ser confundido com um cisto. Por isso, exames de imagem de alta qualidade (como o ultrassom com preparo ou ressonância magnética) e a análise de marcadores tumorais (exames de sangue como o CA-125) são essenciais para diferenciar o que é uma alteração benigna de algo que precisa de tratamento oncológico.
Diagnóstico e tratamento
A partir dos sintomas, o exame ideal para começar o diagnóstico é o ultrassom transvaginal. De forma eficaz e indolor, o procedimento detecta cistos especificando seu tamanho, matéria e local. Para isso, um transdutor com gel é inserido no canal vaginal, capturando as imagens.
Além disso, a tomografia e a ressonância magnética podem complementar o diagnóstico. Os cistos funcionais geralmente não necessitam de tratamento específico. Porém, os não funcionais devem ser removidos através de laparoscopia (especialmente quando o cisto já está muito grande ou gerando fortes sintomas).
O procedimento sempre leva em consideração a vontade de ter filhos da paciente, sua idade e o tipo de cisto. Anticoncepcionais e antiinflamatórios também podem ser prescritos.
Agende seu exame!
Se você sente dores suspeitas ou quer investigar se está com cistos ovarianos, o ideal é consultar especialistas no assunto. Para isso, e para entender tudo sobre os tipos de cistos ovarianos e o seu tratamento, consulte a Dra. Daniela Vaz Franco, especialista em saúde feminina em Uberlândia, e cuide ainda mais de você!